Nascido no Rio de Janeiro, o Grupo Burguês quer alçar voos maiores em 2023, por meio de franquias em cidades do interior. Dono das marcas O Burguês, Ex-Touro, O Fornês, Mozza, Sahur e Seu Vidal, a empresa levará as duas primeiras, especializadas em hambúrguer, para um modelo compacto de negócio que visa a abrir mercado no interior e em bairros dentro de grandes cidades. O objetivo é quase dobrar o número de unidades em atividade, passando de 170, no final do ano passado, para 300.
Gabriel Régis, de 29 anos, um dos sócios-fundadores, conta que a ideia do nome do grupo foi fazer uma brincadeira com a palavra "hambúrguer", mas remetendo à Barra da Tijuca, bairro de classe média alta em que a marca foi criada. O negócio já nasceu orientado para o delivery. Hoje, o faturamento é realmente digno da burguesia: com operação em 14 estados, o Grupo Burguês ultrapassou os R$ 310 milhões em 2022 — bem acima dos R$ 181 milhões de 2021. Agora, a meta é crescer 34% em 2023.
Para o novo modelo de negócio, chamado de Express, a empresa reduziu o cardápio em 30%, o que ajuda a diminuir o tamanho do imóvel, o capital de giro e necessidade de estoque, segundo o gerente de expansão, Rodrigo Costta. O espaço necessário é de 45 metros quadrados. A loja convencional ocupa cerca de 80 metros quadrados. A rede vem testando uma unidade neste formato em São José dos Campos (SP), e colhendo bons frutos, segundo o executivo.
Outro aspecto que deixa o modelo Express “mais econômico” é a menor necessidade de mão de obra. As lojas tradicionais abrem para o almoço, e o modelo de negócio mais barato começa o expediente às 17h.
Intenção é crescer com "franquias casadas"
Enquanto O Burguês se apresenta como uma hamburgueria “mais acessível”, a Ex-Touro é a marca artesanal do grupo, com um tíquete médio de R$ 65 (o combo). A ideia é promover a expansão casada das duas marcas, utilizando a mesma cozinha para o preparo dos lanches e a mão de obra otimizada. Atualmente, 23 unidades tradicionais já são nesse modelo, e a ideia é replicar para o novo formato.
O investimento inicial previsto para abrir uma loja Express é de R$ 155 mil. Se o franqueado optar por investir nas duas marcas (O Burguês e Ex-Touro), sairá por R$ 219 ml, podendo usar a mesma cozinha para o preparo dos lanches. Para efeito de comparação, o investimento para uma unidade tradicional de uma das marcas é a partir de R$ 259 mil.
O formato Express não deve se limitar às cidades do interior, acima de 120 mil habitantes, de acordo com os executivos. O plano é estudar a possibilidade de aumentar o número de franquias em cidades grandes, atingindo bairros periféricos, com unidades mais baratas. “É um movimento do varejo, e que devemos seguir. Hoje o consumidor não faz mais grandes deslocamentos dentro da cidade, e passou a consumir muito mais dentro do seu próprio bairro”, comenta Régis.
Comida árabe e lanche "de larica" na mira para expansão
Ao contrário de outros negócios de alimentação, o Grupo Burguês conseguiu crescer na pandemia por já ter um modelo de delivery estruturado, com entregadores próprios, frete grátis e lanches preparados para viagem, de acordo com Costta. Ainda hoje, o canal representa cerca de 80% do faturamento das lojas.
Foi em 2020 que a empresa se transformou em uma holding, criando a marca de pizzas O Fornês e adquirindo a rede de hamburguerias artesanais Ex-Touro. Depois, a empresa ainda incorporou as marcas Mozza, também de pizzarias, e o restaurante árabe Sahur.
Para este ano, o grupo pretende trabalhar na expansão da marca Sahur, e também na de hamburguerias Seu Vidal, recentemente adquirida por meio de uma joint venture, que tem uma comunicação jovem e um cardápio pensado “para larica”, com combinações inusitadas, de acordo com Costta. Um dos lanches da casa traz mac'n cheese no recheio, por exemplo. A ideia é iniciar o projeto de franquias da empresa a partir do segundo semestre.